28 de fevereiro de 2013

Espelho




Quem de si pouco, ou nada, sabe
Esquivando-se da própria verdade
Desconhece os caminhos a seguir
Enroscando-se no anonimato da vida.
Mais tarde ao ter refletida sua imagem
No espelho das realizações
Assusta-se com o que aparece
Pois ali não se reconhece.

Eleonora, 17 de fevereiro de 2013

2 de fevereiro de 2013

DESABAFO


Estamos sempre reclamando dos políticos dos grandes empresários, das pessoas de maneira geral. Criticamos a desonestidade, a corrupção. Criticamos o egoísmo, o narcisismo.

Não esquecemos nada?

Será que não esquecemos  que somos nós que fazemos o mundo?

A maioria das pessoas vive apontando defeitos e falhos dos outros. E elas? Como são? O que fazem?

No âmbito do social, das amizades, perdura um eterno jogo de interesses; cada um buscando usar o outro, tirar vantagens, se sobressair. Uns pisando os outros, se colocando sobre o outro.

Muito triste!!! Mas esta tem sido a realidade de minhas observações e escuta. Uma total falta de amor, essa a verdade.
Um mundo da tecnologia, do descartável, onde nada mais perdura ou é feito para permanecer, para criar história, criar vínculos; as relações o espelham.
Relações virtuais, relações descartáveis, relações pontuais.

Creio que não pertenço a este mundo...
Imagino a possibilidade de viver em um mundo diferente. Um mundo onde respeito e solidariedade se sobressaem ao jogo de interesses. Um mundo onde crianças, animais, idosos, árvores, fossem mais importantes do que ipad, tablet, iphone...

Um mundo onde todos teriam a possibilidade de sobreviver com dignidade.
Um mundo onde as mentes fossem despertas e percebessem as armadilhas do capitalismo, gerando  insatisfação, levando as pessoas à depressão para estimular o consumo.
Um mundo onde todos valorizariam Ser Gente, Ser Humanos. Onde se distanciariam cada vez mais da proposta sórdida do valor ao ter.
Um mundo liberto da perversidade da mídia imperiosa estabelecendo modelos de beleza, status, felicidade.

Vencemos mais uma profecia, o mundo não acabou. Será?

Reina a alienação, cada um procura se distanciar mais e mais de si mesmo, consumindo, bebendo, se drogando. Onde sexo virou mercadoria barata e amor valor ultrapassado, até mesmo desconhecido de muitos jovens.

Revolto-me com este mundo.
Revolto-me com as pessoas que permanecem surdas, cegas, mudas, acovardadas, aprisionadas, subservientes.
E me penalizo por vê-las crentes que são livres e felizes, não percebendo sua escravidão, não percebendo que já não são, nem mesmo, um projeto de Ser Humano.

Eleonora Fonseca, 2 de fevereiro de 2013