Estamos sempre reclamando dos
políticos dos grandes empresários, das pessoas de maneira geral. Criticamos a
desonestidade, a corrupção. Criticamos o egoísmo, o narcisismo.
Não esquecemos nada?
Será que não esquecemos que somos nós que fazemos o mundo?
A maioria das pessoas vive
apontando defeitos e falhos dos outros. E elas? Como são? O que fazem?
No âmbito do social, das
amizades, perdura um eterno jogo de interesses; cada um buscando usar o outro,
tirar vantagens, se sobressair. Uns pisando os outros, se colocando sobre o
outro.
Muito triste!!! Mas esta tem sido
a realidade de minhas observações e escuta. Uma total falta de amor, essa a
verdade.
Um mundo da tecnologia, do
descartável, onde nada mais perdura ou é feito para permanecer, para criar
história, criar vínculos; as relações o espelham.
Relações virtuais, relações
descartáveis, relações pontuais.
Creio que não pertenço a este
mundo...
Imagino a possibilidade de viver
em um mundo diferente. Um mundo onde respeito e solidariedade se sobressaem ao
jogo de interesses. Um mundo onde crianças, animais, idosos, árvores, fossem
mais importantes do que ipad, tablet, iphone...
Um mundo onde todos teriam a
possibilidade de sobreviver com dignidade.
Um mundo onde as mentes fossem
despertas e percebessem as armadilhas do capitalismo, gerando insatisfação, levando as pessoas à depressão
para estimular o consumo.
Um mundo onde todos valorizariam
Ser Gente, Ser Humanos. Onde se distanciariam cada vez mais da proposta sórdida
do valor ao ter.
Um mundo liberto da perversidade
da mídia imperiosa estabelecendo modelos de beleza, status, felicidade.
Vencemos mais uma profecia, o
mundo não acabou. Será?
Reina a alienação, cada um
procura se distanciar mais e mais de si mesmo, consumindo, bebendo, se
drogando. Onde sexo virou mercadoria barata e amor valor ultrapassado, até
mesmo desconhecido de muitos jovens.
Revolto-me com este mundo.
Revolto-me com as pessoas que
permanecem surdas, cegas, mudas, acovardadas, aprisionadas, subservientes.
E me penalizo por vê-las crentes
que são livres e felizes, não percebendo sua escravidão, não percebendo que já
não são, nem mesmo, um projeto de Ser Humano.
Eleonora Fonseca, 2 de fevereiro
de 2013
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