A concepção de tempo dos pagãos (O termo pagão significa: povo dos bosques), principalmente a dos Celtas era um tanto quanto diferente da atual. O tempo era para eles, não linear, mas circular, cíclico; há também o calendário, que era para eles lunar, enquanto que o nosso é um calendário solar.
Originários da tradição celta, os
sabbaths ocorrem oito vezes ao ano, ou seja, duas vezes a cada estação. Nessas
ocasiões, são homenageadas duas divindades: a Grande Mãe, ou simplesmente a
“Deusa”, que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero, O Gamo Rei,
protetor dos animais, dos rebanhos e da vida selvagem.
Quando os raios do sol diminuem
sua intensidade ao cair da tarde é o momento de nos prepararmos para mais um
dia. O povo Celta, assim como outros povos de origem pagã, celebram o começo
dos dias através do anoitecer.
Cada anoitecer nos faz lembrar
que a Deusa, com sua magia e seus mistérios, reinará através da Lua, das
emoções, e das intuições, mostrando-nos que enquanto os homens se acalmam e
repousam depois de um dia intenso de trabalho, os sacerdotes e sacerdotisas
começam o semear de um novo dia.
O Deus, que também descansa
durante a escuridão, se prepara para um novo nascer, para um novo brilhar, para
um novo amanhecer.
Esse acordar e dormir, descansar
e trabalhar, morrer e nascer fazem do dia e da noite momentos muito preciosos e
de intensa comunhão entre o masculino e feminino. É preciso que as duas
polaridades estejam em perfeita sintonia para que a Natureza possa se manter
equilibrada. Da mesma maneira, como a imagem refletida é o complemento da
imagem projetada, homens e mulheres precisam estar juntos para que a comunhão
perfeita entre o Deus e a Deusa possa refletir em momentos de intensa união e
perfeição.
Esses momentos de equilíbrio
entre o dia e a noite, marcados pelo pôr do sol, a metade da noite, o nascer do
sol e a metade do dia, se tornam de extrema importância para magias. Da mesma
forma, os momentos entre cada um desses pontos também se tornam importantes. Em
um suposto tempo linear: os quatro momentos principais seriam: 6h, meia noite,
6h e meio dia; e os secundários: 9h, 3h, 9h, e 3h.
Sabendo que o universo é perfeito
e que tudo que há no macrocosmos tem seu correspondente no microcosmos, muitas
vezes é preciso entender o micro para alcançarmos e sentirmos a importância do
macro. Para muitas pessoas fica mais fácil compreender o universo através de
pequenos momentos do dia-a-dia para se ter uma real noção da extensão dos
grandes momentos.
Como podemos ver existem quatro
momentos do dia (24h) que são pontos vitais, e há quatro pontos secundários que
são pontos de equilíbrio. No processo de imagem refletida para imagem
projetada, temos no ano (365 dias) quatro momentos vitais: o primeiro dia do
ano e o primeiro dia do quarto, sétimo e décimo meses – dias que caem na
divisão exata do ano em quatro partes iguais, em quatro elementos. Temos,
também, quatro momentos secundários: a entrada de cada uma das quatro estações,
delimitadas pelos solstícios e equinócios. Assim nossa roda do ano esta formada
e em eterna harmonia com o universo.
Esta era a maneira de pensar e
agir dos Celtas, que tinham seu calendário baseado nesses oito momentos do ano,
quando reuniam-se em clareiras e templos para festejar ritualisticamente essas
oito datas.
Samhain ou Beltane
Samhain - O Fim e o Início de um Ano Novo para os Celtas
(31 de Outubro - Hemisfério Norte) e (30 de Abril - Hemisfério Sul)
(31 de Outubro - Hemisfério Norte) e (30 de Abril - Hemisfério Sul)
Este é o mais importante de todos os Festivais, pois, dentro do círculo, Samhain (pronuncia-se SOUEN) marca tanto o fim quanto o início de um novo ano. Nessa noite, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se torna mais tênue, sendo o tempo ideal para nos comunicarmos com os que já partiram.
... E o ano chega ao final!
Nossos últimos alimentos são colhidos após o equinócio de outono, marcando o
início dos meses em que viveremos com o que conseguimos estocar. Os alimentos
fornecidos pela Grande Deusa devem agora alimentar seus filhos famintos e
nutrir o Deus em sua caminhada pelo "outro mundo". O raio do trovão
que atingiu o carvalho e fecundou a terra é a promessa do retorno do Deus
através daquela que um dia foi sua amante, mas que agora será sua mãe: a Deusa.
E assim o ciclo de vida, morte e renascimento volta a estabelecer o equilíbrio
a Roda do Ano.
O "Outro Mundo" celta,
também conhecido como o Abismo, é um lugar entre os Mundos; uma mistura de
paraíso e atormentações. É o lugar no qual todos buscamos respostas para nossas
perguntas mais íntimas, onde a fantasia se mistura à realidade e o consciente
ao inconsciente. O Abismo é o local onde os heróis são levados para que possam
confrontar seus maiores inimigos: seus próprios fantasmas. Somente vencendo
esses fantasmas, que nada mais são que seus medos, preconceitos e angústias,
eles poderão retornar como verdadeiros heróis.
Esta é a simbologia do Santo
Graal; uma busca interior de algo que queremos erroneamente materializar neste
mundo. Somente os cavaleiros que ousarem atravessar os portais do "Outro
Mundo" e vencerem a si próprios serão contemplados com a plenitude do
Graal.
Durante esta noite o véu que
separa esses dois mundos está o mais fino possível, permitindo que espíritos do
Outro Mundo atravessem o portal sem grandes dificuldades.
Por isso, a Noite dos Ancestrais
é um momento de nos lembrarmos daqueles que se foram e habitam o Outro Mundo. É
hora de honrarmos as pessoas que um dia amamos, deixando que elas nos visitem e
comemorem conosco esse momento tão especial da Roda do Ano.
Samhain é o festival da
morte e da alegria pela certeza do renascimento. O Deus morreu, e a Deusa,
trazendo no ventre o seu amado, recolhe-se ao Mundo das Sombras para esperar o
seu renascimento. Comemora-se aqui a ligação com os antepassados, com aqueles
que já partiram e que um dia, como a natureza, renascerão. Os cristãos
transformaram essa data no "Dia de Todos os Santos" e no "Dia de
Finados", numa alusão supersticiosa a essa ligação.
É uma noite de alegria e festa,
pois marca o início de um novo período em nossas vidas, sendo comemorado com
muito ponche, bolos e doces. A cor do sabbat é o negro, sendo o Altar adornado
com maçã, o símbolo da Vida Eterna. O vinho é substituído pela sidra ou pelo
sumo de maçã. Os nomes das pessoas que já se foram são queimados no Caldeirão,
mas nunca com uma conotação de tristeza!
A Roda continua a girar para
sempre. Assim, não há motivo para tristezas, pois aqueles que perdemos nessa
vida irão renascer, e, um dia, nos encontraremos novamente, nessa jornada
infinita de evolução.
Beltane – A Fogueira de Belenos – Casamento do Deus e da Deusa
(01 de Maio - Hemisfério Norte) e (31 de Outubro ou 01 de Novembro - Hemisfério Sul)
(01 de Maio - Hemisfério Norte) e (31 de Outubro ou 01 de Novembro - Hemisfério Sul)
Pronuncia-se Bioltuin (Be-All-Twin) É o festival do casamento entre o Deus e a Deusa, a Rainha de Maio, a Virgem.
Por ser uma data de cunho
profundamente sensual, foi talvez uma das mais sincretizadas pela cristandade.
Assim, as fogueiras de Beltane e o Maypole (mastro adornado com as fitas
coloridas trançadas) tornaram-se as fogueiras e mastros das festas dos santos
"casamenteiros" cristãos, bem como o mês de Maio foi consagrado à
Virgem Maria e tido como benévolo aos casamentos. Na tradição antiga as pessoas
não se casavam durante o Beltane, pois esse mês é dedicado ao casamento do Deus
e da Deusa.
BELTANE, em 01 de Novembro aqui
no hemisfério sul, mas em 1o. de Maio nos países nórdicos berços do culto,
representa a entrada do jovem Deus para a idade adulta. Incitados pelas
energias da Natureza, pela força das sementes e flores que desabrocham, a Deusa
e o Deus apaixonam-se. Nesta data são celebrados rituais de fertilidade e
imensas fogueiras são acesas. As fogueiras de Beltane simbolizam o calor da
paixão e a intensidade da interação entre a Deusa e o Deus, e a crescente
fecundidade da Terra.
Belenos é a face radiante do
Sol, que voltou ao mundo na Primavera. Em Beltane se acendem duas fogueiras,
pois é costume passar entre elas para se livrar de todas as doenças e energias
negativas. Nos tempos antigos, costumava-se passar o gado e os animais
domésticos entre as fogueiras com a mesma finalidade. Daí veio o costume de
"pular a fogueira" nas festas juninas. Se não houver espaço, duas
tochas ou mesmo duas velas podem ter a mesma função.
Uma das mais belas tradições de
Beltane é o MAYPOLE, ou MASTRO DE FITAS. Trata-se de um mastro
enfeitado com fitas coloridas. Durante um ritual, cada membro escolhe uma fita
de sua cor preferida ou ligada a um desejo. Todos devem girar trançando as
fitas, como se estivessem tecendo seu próprio destino, colocando-nos sob a proteção
dos Deuses.
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